Projeto "De onde vem? Para onde vai?"
Introduzir verduras e legumes na alimentação de nossas
crianças não é tarefa muito fácil, mas é possível se construirmos algumas
estratégias.
A criança se recusa a comer aquilo que desconhece. A esta
rejeição os especialistas chamam de neofobia alimentar. Portanto devemos tratar
a recusa de alimentos como uma questão de sobrevivência, consequência histórica
dos saberes da humanidade.
Imagine um homem a milhões de anos atrás consumindo todas as
folhas, frutos e raízes que encontrasse sem saber se lhe fariam bem ou mal?
Observando os animais, que fazem instintivamente um processo de seleção, ele se
arriscou a experimentar e descobriu novos sabores e aromas.
As crianças, guardadas as devidas proporções, revivem esse
processo quando aprendem a observar os hábitos alimentares de seus pais, irmãos
e colegas da escola. É claro que se a cultura familiar não prevê itens
saudáveis em sua alimentação, tanto maior será a resistência infantil.
Há oito anos observando as reações de nossas crianças,
construímos alguns saberes que gostaríamos de dividir com vocês, papais e
mamães.
Seguem algumas dicas para conquistar seu filho e fazê-lo
experimentar um novo alimento sem utilizar o famoso argumento “não gosto”, sem
nunca terem provado.
UMA SEMENTINHA E UMA CESTINHA
Produzir seu próprio alimento aguça a curiosidade infantil e
pode ser determinante na primeira degustação.
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Ele é engenheiro agrônomo e dá dicas incríveis de como
cultivar pequenas quantidades em casa e apartamentos. Confira!
A ARTE CULINÁRIA E O
PROTAGONISMO INFANTIL
Criar a receita da salada faz toda a diferença na hora de
prova-la. Quando deixamos que a criança defina os ingredientes, a receita fica
“recheada” com suas preferências e isso é meio caminho andado para sentir
vontade de experimentá-la. Deixe que ela crie sem fazer restrições aos
temperos, neles reside o segredo! Provavelmente catchup, batata frita, entre
outros serão sugeridos. Lembre-se, nosso primeiro objetivo é reduzir o índice
de rejeição na primeira degustação e não introduzir hábitos saudáveis.
A primeira impressão é a que fica! Se gostar ou gostar pouco
as chances de obtermos sucesso na segunda tentativa é maior.
SIMPLIFICANDO ANTES DE COMPLICAR
Pesquise receitas com verduras e legumes que respeitem o
paladar e as preferências infantis. Ao final, daremos algumas receitas que
deram certo na cozinha experimental de nossa escola. Nossa dica é começar com
receitas com uma consistência líquida, passando para a pastosa, com açúcar, sem
açúcar, com pouco sal, cozidas até chegar ao alimento “in natura”.
SE FOR SAUDÁVEL DEVE ESTAR NO PRATO E NÃO NE MESA
Ao montar o prato de seu filho, coloque os alimentos sem
misturá-los, mas não exclua nenhum item do cardápio preparado. Conversando com
as mamães da escola, percebemos a tendência de fazerem os pratos de seus filhos
apresentando, somente os itens de sua preferência. Em nosso restaurante, as
crianças recebem o prato completo, incluindo saladas, verduras e legumes
refogados. Não obriga-los a comer é o primeiro passo. As crianças aprendem a
importância de uma boa alimentação se alimentos saudáveis estiverem sempre
compondo seu prato. Elas precisam se acostumar com as cores, texturas e aromas
das hortaliças. Invista nesta ideia!
Um clima harmonioso faz toda a diferença. Algumas mamães
ficam surpresas ao constatarem que seus filhos comem verduras na escola e as
recusam em casa. Este fenômeno tem uma explicação!
Sabemos que crianças entre 4 e 7 anos estão na conhecida e
temida fase do “Não”. Através da negação testam seu poder de decisão, sua
independência e o horário das refeições são seus preferidos. Como excelentes
observadoras que são, percebem a frustração que a rejeição de alguns alimentos causa
nos pais e sentem uma grande satisfação em fazer valer suas vontades. Neste
momento os discursos de convencimento sobre a importância de uma alimentação
saudável ou mesmo das propriedades dos alimentos baseadas no senso comum, tornam-se
as estratégias preferidas de pais e responsáveis.
Crianças de 3 a 6 anos estão se conhecendo e não têm a medida
exata de seu desenvolvimento, bem como noções de tempo e espaço estão sendo
construídas. Os argumentos que, ao comerem, crescerão fortes e bonitos, às
vezes não são suficientes para convencê-las.
HORTALIÇA? O QUE É ISSO?
Quando a criança cultiva uma hortaliça, palavras como alface,
rabanete e beterraba começam a fazer parte do seu vocabulário. Este é o
primeiro passo para minimizar a estranheza quando as colocamos em seu prato.
Fica nossa dica: Evite discursos de convencimento e parta
para a sedução. Seu filho merece!!!!
****Sugestão de receitas na sequência em que oferecemos a
beterraba aos nossos alunos.
Brigadeiro de beterraba
Bata uma beterraba cozida no liquidificador e misture ao
leite condensado. Dai por diante, siga a receita de um brigadeiro convencional
e use açúcar cristal para finalizar. Solicitar às crianças que enrolem e
coloquem nas forminhas faz parte do ritual.
Suco de Beterraba e Laranja
Bata a beterraba no liquidificador e não se esqueça de coar
nas primeiras vezes. Queremos facilitar a aceitação, certo?
Sopa de Beterraba com Creme de leite e Pipoca
Cozinhe 4 batatas e 2 beterrabas em um caldo bem temperado
de carne. Bata tudo no liquidificador.
Ao servi-la, coloque porções de creme de leite fresco e peça
que seu filho decore o prato, utilizando um palito para fazer desenhos ao
espalhar o creme pela sopa.
Estoure algumas pipocas para que ele finalize a decoração em
substituição aos pedacinhos de pão.
Salada de beterraba cozida
Neste momento seu filho criará a receita como
descrevemos anteriormente.
Beterraba crua
Proponha para sua família fazer um lanche natural coletivo. É
uma deliciosa brincadeira.
Fatias de pão de forma, beterraba batida com queijo branco,
cenoura ralada bem temperada, molho verde e purê de batata para dar a liga às
camadas.
Molho Verde: Use a quantidade necessária de maionese para
bater bastante cheiro verde e ricota no liquidificador.
BOM APETITE!
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